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.:: QUEM SOMOS ::.

OFICINA DAS MEDALHAS
 

Até início 2012, o Pedro e a Lydia trabalhavam numa das maiores fábricas de medalhas do país.

Ele era medalhista desde os 18 anos. Ela esteve primeiro na contabilidade e mais tarde, com o incentivo e orientação do marido, e de um curso que normalmente demora 3 anos a tirar, Lydia teve que aprender a trabalhar com o programa no período da hora de almoço para que pudesse ficar com o lugar na empresa e passou para a parte do design das medalhas - não tinha qualquer formação na área, mas foi aprendendo com a prática.

Ambos eram apaixonados (e ainda são) pelo que faziam, mas estavam cansados das condições que lhes ofereciam.

Ganhavam apenas 5€ por dia, uma quantia impensável para quem tinha uma filha de 2 anos. Havia mau ambiente e desorganização. E sofriam grandes limitações criativas: queriam inovar, mas não deixavam que as medalhas fossem além “dos círculos e dos quadrados”.

Decididos a ter um emprego e uma vida melhor, despediram-se.

 

 

O QUE MOTIVOU O SALTO


Foi uma altura em que bateram mesmo no fundo. A economia estava em crise e não se arranjava emprego seguro.

Mas lá se foram arranjando: a Lydia fazia suportes de vela artesanais com copos de iogurte e o marido vivia de biscates nas mais variadas áreas mas principalmente na construção civil. As prioridades eram pagar a casa o maior medo era “perder o teto” e dar de comer à filha.

Nessa altura, levavam a filha a pé para a escola todos os dias, ainda eram uns 7km a ir e vir. Até tinham um carro, mas com apenas 5€ de combustível na reserva que havia no depósito e tinha de ficar guardado para alguma urgência.

Durante mais de 1 ano faziam o jantar só para menina, mas não a deixavam sentir que faltava nada, ela tinha apenas 3 anos. Para eles o jantar e o almoço era sempre o mesmo…pão com manteiga e água com café que ás vezes lhe davam adoçado com açúcar que o Sr. do café em frente lhes dava com o pretexto de ser “para a menina levar para a escola para colocar no iogurte”.

Não pediram nada a amigos e família porque não queriam que ninguém soubesse da situação em que estavam. Para conseguir pagar a casa tiveram inclusive de vender alguns bens.

Foi mais de um ano assim até que numa noite se perguntaram o que faziam de melhor. A resposta: “Medalhas”.

Aí viram que estavam a  desperdiçar o talento que tinham e decidiram arregaçar as mangas, apostando no sonho que tinha ficado guardado.

O SALTO

Lydia começou a enviar emails para associações de desporto e organizações de competições, numa semana chegou a enviar mais de 5000 emails. Isto à noite, na lavandaria da casa porque era o único local onde “apanhavam net” com a senha cedida gentilmente pela dona do café em frente, porque não tinham internet em casa.

Mas passaram-se 6 ou 7 meses e nem uma única resposta.

Tanto tempo sem verem a vida melhorar fê-los atingir o desespero e um dia, apesar de não serem religiosos, decidiram ir a pé à capela de Sta. Maria Adelaide, em Arcozelo, pedir ajuda. Fizeram-no a um sábado e, coincidência ou não, na segunda-feira seguinte receberam 7 pedidos de orçamento e uma encomenda.

Era então altura de pensar no próximo passo: as instalações.

Conheceram a proprietária de um armazém, abriram o coração, explicando que só tinham 20€ no bolso, e a senhora deixou-os ficar lá por 5 meses sem pagar renda. Só era preciso a fiança, e para isso um amigo emprestou-lhes o dinheiro.

Faltava agora tudo o resto, mas puseram mãos à obra com o que iam arranjando.

Para cozer as medalhas compraram um forno doméstico no OLX. Fizeram bancadas com portas que encontraram no lixo e remodelaram. E até uma máquina de cortar fita criaram a partir de madeira e uma lâmina de X-acto.

O valor que receberam da 1ª encomenda foi direitinho para as mão do amigo que lhe tinha emprestado o dinheiro e mesmo assim ficaram felizes porque ainda sobraram 20€.

 

OS RESULTADOS DO SALTO


Desde o dia em que foram à capela nunca mais pararam e a grande maioria dos clientes, mais de 550, está com eles desde o início.

Um dos momentos de que mais se orgulham é uma encomenda que receberam em 2015… 10 000 medalhas para uma prova em Luanda que tinham de ser produzidas em apenas 5 dias. Nenhuma outra empresa aceitou o pedido, mas eles conseguiram dar conta do recado.

São dos mais novos da área e uma referência em Portugal.

As condições do armazém que, no início era praticamente um barraco, são completamente diferentes. Construíram a braços com a ajuda de alguns amigos um segundo piso, construíram máquinas e melhoraram as condições de trabalho e de vida dos seus colaboradores.

Preocupam-se com os funcionários e não querem fazer o que lhes fizeram a eles durante anos. Por isso, o ambiente que se vive na Oficina das Medalhas é mesmo o de uma família feliz.

A Lydia e o Pedro orgulham-se de terem conseguido manter o relacionamento de 18 anos (24h por dia sempre juntos desde o 1º dia) e de terem a mesma atitude, com 20€ ou com 200€ nos bolsos.

Agora querem olhar para o mercado externo porque têm capacidade produtiva para isso. Portugal já os conhece e é altura de expandir.

Em 2019 Pedro pede Lydia em casamento e foi a cereja no topo do bolo deste casal extremamente lutador e muito feliz, porque já escreveram um livro que dizem não publicar que é só deles e para mais tarde deixarem a sua história á Noa (filha do casal), tiveram uma filha e até já plantaram 3 árvores….

 

Muito Obrigado pelo teu tempo!

Pedro | Lydia | Noa

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